quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Terminamos de laminar! Uma parte...







Pois é, nessa última quinzena conseguimos adiatar bastante o "sem nome". Finalizamos toda a etapa de laminação da parte externa do casco. O tecido foi mais complicado para assentar porque a resina não penetrava tão fácil quanto na manta e enquanto isso, o gel time (momento em que a resina começa a endurecer) iniciava muito antes do que prevíamos, e em algumas partes maiores era necessário colocar todo mundo para trabalhar junto, o que era bom por um lado porque agilizava o serviço, mas complicava o processo devido ao trabalhão que dava para limpar todo o material de trabalho (rolos, baldes, roletes, bandeijas). Além de tudo perdíamos muito tempo! Foi então que o Alê ligou para o fabricante da resina e perguntou o que poderíamos fazer para aumentar o gel time da resina. Ele nos indicou o inibidor e uma quantidade de uso que poderia variar entre 1 ml as vezes. No fim quase dobramos o tempo de gel time e conseguimos trabalhar com mais tempo, o que dava um acabamento muito melhor e mais capricho. Foi uma ótima pedida!


Na quilha, colocamos algumas camadas a mais de tecido, o que reforça a estrutura.


Depois disso, o Jorge Nasseh da Barracuda, nos indicou para uma repórter que queria fazer uma matéria sobre construção amadora de barcos. Ela foi nos visitar e conhecer toda a nossa bagunça. Domingo as pessoas poderão ver a matéria da Juliana Calderari, que por sinal criou a pauta da matéria por curiosidade e simpatia pessoal. Bem bacana, né? Não imaginava conhecer uma repórter que se interessaria por construção amadora de barcos! E ela, além de tudo, gosta é de vela!
Espertinha, não?
Até eu!!!

Bom, eu ainda não tenho comigo as fotos da etapa seguinte, estão com o Alê que já está de volta aos céus. E o "sem nome" fica quietinho por mais 15 dias!
Ele está masseado! Mas isso eu conto no próximo post quando estiver já com as fotos.


Bons ventos povo!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Post dedicado à Crash Box!






Costumamos dizer por aí que o nosso futuro barco vai ter Air Bag, e não é mentira! Não sei desde quando o Alê estava bolando o melhor jeito de fazer a "caixa de colisão", ou nosso Air Bag para quem preferir. Ele fez uma estrutura de espuma de poliuretano expansível bicomponente que era a coisa mais medonha do mundo! Deus do céu, aquilo era tão feio que eu não dei muita bola àquele negócio e nem fotografei o procedimento para fazê-lo. Sei que o Alê já tinha deixado ele pronto ha um tempão e só na terça-feira que ele foi fixá-lo.
O fixamos com a mesma massa que usamos no início da construção para fixar as ripas, que é composta por resina, sílica e microesferas de vidro ocas, e catalizada com Butanox.
A princípio ficou medonho!
Vou burlar um pouco a ordem de fotos. Antes de finalizar a parte da laminação, vou dar uma atenção ao crash box para ver se saio um pouco do mesmo assunto.
Dá para perceber que a laminação da proa foi finalizada, mas os detalhes finais da primeira laminação (externa apenas) eu coloco dá próxima vez que eu vier contar da nossa construção.
Hoje o Alê terminou de reforçar a massa (pois achamos que economizamos demais na primeira leva) e deu duas mãos de resina para enrijecer a espuma. Amanhã lixaremos essa partinha para tirar as rebarbas da massa e laminaremos com fibra, seguindo o mesmo procedimento do casco.

Quem diria que aquele pedaço gigante e grotesco de espuma viraria essa belezura de air bag, não?

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Laminação Externa


Finalmente consegui colocar o blog mais ou menos em dia!

Ainda estamos nessa fase que começarei a contar nessa postagem. Que foi onde começamos a sentir o desafio pesar - literalmente - em cima de nossas mãos!
Utilizei materiais que jamais havia manuseado antes. O Alê e minha mãe já fizeram barquinhos à vela modelos de 1 metro, onde o próprio Alê diz que tem um procedimento muito semelhante com a construção de barcos em escala 1:1.
Demoramos um pouco até encontrar a melhor forma de trabalhar. Tínhamos que forrar o casco, pedaço por pedaço, com um uma manta (tecido combinado biaxial) de fibra de vidro - que foi medida e cortada antecipadamente - e resina (usamos resina éster vinílica). Decidimos fazer da seguinte forma: Separávamos uma quantidade em quilos exata de resina, já acelerada com cobalto e DMA, para o determinado tamanho do trecho a ser laminado. Separávamos todos os materiais para trabalhar (rolinhos de pintar, roletes niveladores, feitos de metal, bacias) e só depois de preparar tudo, aplicávamos o iniciador (butanox) e iniciávamos o serviço: uma camada de resina para enxarcar a espuma de pvc, a manta e outra generosa camada de resina por cima. Depois era só passar os roletes e nos certificarmos que não havia nenhuma bolha de ar sob a manta.
No primeiro dia trabalhamos em seis pessoas. Eu, Alê, mamãe, Emerson, nosso ajudante Adalberto e nosso ajudante Michel. Os dois últimos trabalham conosco e moram ali pelo bairro. É bom ter gente trabalhando feliz, por fazer um din din, e pesado pelo nosso sonho!
Esse dia foi um dia de descobertas. E a menos animadora era o gel time da resina, variando entre 15 e 20 minutos de acordo com a temperatura. Nas maiores partes do casco, o tempo ficava curto de mais e sentimos mais dificuldade ainda na fase seguinte da laminação, que eu conto na próxima.


Por enquanto deixo fotos aqui dos primeiros dias de laminação, ainda na manta e da minha irmã linda Marianinha, que adora ir lá, mas que nessa etapa de laminação não está comparecendo, assim como minha mãe, que no momento está gravidinha e evita o cheiro matador e as fibras que tanto pinicam!



- Hoje a Folha de São Paulo fez uma entrevista conosco sobre construção amadora. Sairá na Revista da Folha do dia 21 de setembro, domingo.
Conto mais sobre o assunto quando conseguir atualizar o blog em dia com nossos passos na construção, o que tem sido meio difícil por falta de tempo!


sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Hora de lixar - parte I







Depois que a sombra atingiu 100% da estrutura e que tudo ficou bem escurinho lá embaixo, iniciamos uma parte não muito agradável da construção, mas extremamente importante: lixar a espuma. Digo que é uma etapa importante porque nessa fase, damos toda a forma do barco, extremamente importante para o seu desempenho hidrodinâmico. É um trabalho que exige paciência, força nos braços e muitas vezes criatividade para criar as ferramentas adequadas para trabalhar com mais conforto. Com a gente foi assim: por ser nossa primeira experiência com contrução de barcos, obviamente não conseguiríamos dar a forma 100% exata das linhas do barco apenas fixando as ripas. Admito que inclusive algumas partes deram um trabalho a mais por estarem um pouco mais desniveladas em relação ao resto do barco, mas nada chegou nem perto de comprometer a construção tampouco o projeto.


O Alê além de tudo é muito caprichoso e posso dizer que ele chega a ser chato. Mas é legal ver o cuidado que ele tem com todo o processo, que apesar de trabalhoso, nas mãos dele chega a ser uma coisa simples! Além de tudo o cara é criativo. Olha só as ferramentas que usamos: tudo é de fabricação própria.


Esse processo durou cerca de 4 dias. 4 cansativos dias! Dias aleatórios no período entre o dia 2 a 8 de agosto de 2008.





Nas fotos vocês podem ver o casco fechado full, a construção da minha ferramenta personalizada sobre medida, e o Alê e eu lixando e também o pedaço da espuma que ele arrancou para fazer o reforço de onde ficarão os brandais (estaiamentos da bochecha do barco).


terça-feira, 2 de setembro de 2008

A sombra vai diminuindo!






Olha só que beleza!

Não é que a sombra, vista de dentro do casco, vai ficando cada vez menor?

Chega a ser mágico!


Magias a parte, deu muito trabalho! Mas a satisfação aumenta a cada parte do processo!

Nessas fotos vocês podem ver o Alê e o Emerson (mais um amigo metido nessa encrenca) trabalhando juntos na serra circular de mesa (aquela que eu continuo insistindo que foi uma sorte danada de conseguirmos de "brinde-emprestado") cortando ripas finais!


Além disso, a sombra vai sumindo!!!

Ripando tudo!






Hoje, dia 2 de setembro, estamos na segunda fase da laminação externa do casco. As datas exatas das outras partes do processo todo, não lembro exatamente. Mas mesmo assim vou descrevê-las.


Depois que as balizas estavam colocadas, as duas próximas funções eram:

1 - Montar a caixa da quilha, que nada mais é do que um molde para o encaixe da mesma, e que depois será removida.

2 - Colocar as ripas de PVC (no nosso caso, barco one-off, não valeria a pena constuir um molde para o barco que foi feito sobre medida para nós, então, optamos pela espuma de PVC, que além de exercer a função de molde, acaba sendo parte estrutural).


-Todas as nossas espumas de PVC Divinycell são da Barracuda Tecnologies. O Jorge Nasseh, da Barracuda, além de nos ter sido muito útil com seus livros, também nos auxilia particularmente com o manuseio dos materiais (como trabalhar com PVC, melhor manuseio de resina) e na construção da parte estrutural como um todo. Muita gentileza da parte dele! Agradeço aqui em nome da família!


A caixa-molde da quilha foi construída com compensado. O Alê levou dois dias para finalizá-la, obviamente trabalhando em outros pontos cruciais dessa fase da construção.

Vocês se lembram no começo que eu havia dito que ganhamos de brinde (ainda que emprestada) junto com o aluguel do galpão uma serra circular de mesa. Ela foi essencial para cortarmos as ripas de PVC, que foram cortadas em diferentes larguras, variando de acordo com a angulação da curvatura de cada parte do barco, para que ficasse mais igualado.

Eu sempre dizia para o Alê, conforme colocávamos as ripas, que a sombra ia diminuindo! E foi diminuindo, diminuindo até que sumiu!

Essa parte do processo, até então, foi a parte que mais nos tomou tempo em trabalho (dias e dias), porque tínhamos que cortar ripa por ripa, preparar a massa (a base de resina, microesferas ocas de vidro e sílica) e colar tudo correndo, pois a partir do momento que a massa está feita, existe o tempo de enrigessimento, o que nos levou, de início, a desperdiçar algum material.

Após fixarmos com a massa, colocamos pregos nas junções para garantir que ficariam no local correto. Depois do fim desse processo, foram retirados quase 3 mil pregos!!!


As imagens: 1- caixa da quilha quase pronta
2- método dos pregos
3- serra circular que nos foi sorte!
4- Alê encaixando as ripas
5- eu e a caixa da quilha, já colocada no "casco" - que ainda era um bebê!